terça-feira, 8 de setembro de 2009

[Crítica Social] A força dos estudantes

A FORÇA DOS ESTUDANTES

Muitas das grandes forças sociais transformadoras, talvez a quase totalidade delas, simplesmente desconhecem os reais limites de suas potencialidades. Exemplo bastante claro disso é dado nos dias de hoje, sem dúvida, pelos estudantes. O outrora ativo e combativo movimento estudantil parece agora desorganizado e dormente, silente mesmo diante de situações críticas.

Isto pode ser explicado, penso, por dois principais fatores. Em primeiro lugar, porque a geração contemporânea de estudantes é dos anos 90, uma geração pós-queda do Muro de Berlim, para a qual a democracia formal parece “natural” e para a qual a política está “morta”. Em segundo lugar, porque o desemprego estrutural e a concorrência cada vez mais acirrada por “postos de trabalho” conduzem o estudante a ver no sistema de educação apenas uma qualificação adicional que o favorecerá no mercado, um “trampolim” para um emprego melhor.

Como se nada mais importasse, a realidade contemporânea constrange o estudante a pensar: Para que política, se tudo que importa é salvar a minha própria pele? Para que engajamento, se nada vai mudar no mundo? Para que luta conjunta, se os outros estudantes são meus “concorrentes”? E assim o estudante não apenas não vê motivo para lutar, mas também não se sente capaz de fazê-lo – a sociedade o constrange a pensar que movimento estudantil é sinônimo de “baderna” e que estudante só tem mesmo é que estudar (i.e. decorar informações).

Hoje, contudo, parece necessário que os movimentos estudantis despertem novamente. O agravamento das desigualdades sociais, os desvios cada vez mais sérios da política partidária, o empobrecimento cultural que avança na mesma espantosa velocidade do desenvolvimento dos meios de comunicação – tudo isso clama por posicionamento dos estudantes.

Em especial, a situação cada vez mais alarmante da mercadorização do ensino exige cada dia mais vigorosamente a resistência daqueles que são os maiores interessados. Notadamente no ensino superior, em que faculdades caminham para se tornar cada vez mais escancaradamente fábricas de diplomas, uma tal resistência se mostra urgente.

Lutar contra um ensino cada vez mais vazio, cada vez mais tecnocrático, cada vez mais voltado para a satisfação dos interesses do mercado e cada vez menos para a compreensão da realidade – por um ensino crítico, autenticamente formador e emancipador.

Lutar, mais ainda, por uma sociedade diferente. Recusar resignar-se ao presente, pois o presente não é imutável – nada é imutável. O poder para tanto reside nas mãos dos estudantes – é por estas mãos, afinal, que será construído o futuro.

Enfim: estudantes, eis o seu momento.

[Publicações: O REGIONAL (Catanduva-SP), 02/09/2009. DIÁRIO (Dracena-SP), 06/09/2009.]

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