domingo, 21 de novembro de 2010

[Crítica Social] Homofobia e religião

HOMOFOBIA E RELIGIÃO

As declarações das autoridades maiores da Igreja Católica não raro surpreendem. A condenação da homossexualidade como “pecado”, a proibição do uso do preservativo mesmo diante do avanço das doenças sexualmente transmissíveis, a insistência no celibato mesmo diante de constantes “escândalos” sexuais do clero – tudo isso parece bem pouco e cada vez menos razoável. No fundo, tais posições talvez sejam explicáveis como recrudescimento desesperado diante da perda contínua de adeptos, talvez como gritos de agonia de uma visão de mundo em vias de desaparecer num mundo em que a circulação cada vez mais frenética de informações ameaça a persistência de qualquer dogma. Mas explicá-las definitivamente não é o que importa aqui...

Foi notícia [v., por exemplo, FSP e Terra] nos últimos dias a declaração de Bento XVI a bispos brasileiros na qual o papa conclamou-os à defesa do “matrimônio entre homem e mulher” e da vida “desde o momento da concepção até a morte natural” [discurso na íntegra: aqui]. Leia-se: contra a união entre pessoas do mesmo sexo e contra o aborto. Isto, claro, não é uma novidade. Há poucas semanas, o mesmo Bento XVI, em clara tentativa de interferir no processo eleitoral brasileiro, discursou em termos semelhantes a outros bispos brasileiros. E são freqüentes mesmo as suas declarações nesse sentido – isto quando não são ainda mais abertamente conservadoras.

O que mais surpreende, porém, é que, quase ao mesmo tempo em que a declaração de Bento XVI é noticiada, a grande mídia destaca a agressão sofrida por um grupo de jovens em São Paulo, em plena Av. Paulista. A suspeita maior, até o momento, é de que a agressão tenha sido motivada por homofobia. E isto, por sua vez, também não é novidade entre nós. Embora as estatísticas não sejam claras, é certo que o Brasil é um dos países com maior índice de violência contra homossexuais no mundo. Na região da Av. Paulista, em específico, agressões semelhantes são recorrentes.

Esta coincidência entre as notícias não apontará, se pensarmos bem, para uma outra “coincidência”? Quero dizer, esta persistência da homofobia, e em níveis tão alarmantes que desencadeiam uma violência sistemática, não terá alguma relação com preconceitos alimentados exatamente por uma visão religiosa de mundo?

Ora, a Igreja e os fiéis poderão certamente argumentar que a religião não propaga, mas condena toda e qualquer forma de violência. E isto é certo. Mas parece certo também que a insistência da Igreja na condenação da homossexualidade, a sua taxação incessante como “imoralidade” ou “pecado” a ser combatido, não contribui em absolutamente nada para o arrefecimento da homofobia. Pelo contrário, alimenta-a na medida em que fornece, direta ou indiretamente, fundamentos para uma visão segregacionista, discriminatória, preconceituosa. Que esta visão, logo adiante, torne-se violência aberta é algo bastante previsível.

[Publicações: O REGIONAL (Catanduva-SP), 17/11/2010.]

2 comentários:

Anônimo disse...

Parece piada
No Brasil armaram um verdadeiro circo pra pegar cristãos.
Esperavam que eles fossem brigar, revidar, xingar, ofender os gays para justificar a tão famosa "homofobia cristã" que eles tanto falam, mas tudo isso não tem nada haver a ver com os homossexuais sérios, até porque o movimento gay não nos representa, pois tudo aquilo que se entende por movimento gay são, na verdade, grupos de pressão revolucionários que usam os homossexuais como massa de manobra para obter poder político para criminalizar instituições conservadoras e meter na cadeia qualquer pessoa que fizer uma mera "piada de bicha", enquanto, paradoxalmente, os homossexuais são perseguidos e mortos pelos governos de países comunistas e muçulmanos e o movimento gay não dá um pio.
Porque não ajudamos as verdadeiras vítimas de homofobia ao invés de fazer o serviço sujo para quem não quer sujar as próprias mãos com cristãos???

CNKJ disse...

"homossexuais sérios"?...

"grupos de pressão revolucionários que usam os homossexuais como massa de manobra para obter poder político [...]"?...

Realmente não espanta que o comentário tenha sido postado como "Anônimo"...